24 de abril de 2011

Renault Avantime – A frente do seu tempo



Existem carros que apesar de revolucionários parecem que foram lançados na hora errada e acabam se tornando um fracasso comercial. Apesar disso, acabam marcando a história com sua ilustre presença.  Um grande exemplo (e um dos meus preferidos) é o Renault Avantime.

No final da década de 1990 se iniciou o conceito de design Crossover. O que hoje é muito comum com um Mercedes CLS e BMW X6, na época ainda era algo muito “esquisito”.  Foi com base nesse conceito que a Renault apresentou no Salão de Genebra de 1999 o conceito Avantime, que era uma Minivan misturada com um esportivo de 4 lugares, ou monovolume-coupé, como preferia o fabricante. Quem via o carro neste evento jamais imaginaria que algo tão diferente pudesse ganhar as ruas, porém a Renault levou o projeto adiante e lançou o carro em 2000 com poucos retoques. 

Renault Avantime Concept, que chegou a ser apresentado no Salão do automóvel de São Paulo em 2000.

Desenvolvido e fabricado totalmente pela Matra (empresa parceira da Renault, a mesma que desenvolveu a minivan Renault Espace) pelo designer francês Patrick Le Quément, foi concebido para trazer o espaço de um monovolume em linhas esportivas. Era bem original, com uma grande carroceria de aço (4,64m de comprimento) e bem reforçada, que garantia uma estabilidade excepcional . O maior destaque era o teto feito de alumínio sem coluna B, onde todos os vidros laterais podiam ser abertos, como num Opala. Aliás, vidro era o que não faltava nesse carro, que também trazia o teto praticamente todo feito desse material, tendo a primeira seção acima do motorista basculante, algo comum hoje, mais em 2000... Interessante era o botão chamado de Grand Air, onde com apenas um toque se abriam todos os vidros e o teto solar. 

Os vidros laterais e o teto solar gigante eram grandes atrativos.
Outra inovação eram as grandes portas (de pouco mais de 1 metro e 54 quilos) com dobradiças pantográficas, onde se diminuía bastante o ângulo de abertura, deixando-as quase paralela a carroceria. Apesar de não ser uma novidade (já que a Volkswagen apresentou algo parecido no protótipo Chico) era a primeira vez que se implementava o sistema  em um carro de série.

Dobradiça pantográfica auxiliava o manejo da portona - Foto : Automotor.pt
Seu interior minimalista parecia desenhado pelos designers da Apple.  A configuração do painel era parecida com o dos Citroen atuais, com o conta-giros à frente do motorista e o restante dos instrumentos centralizados (que a Renault já havia usado no Twingo anos antes). Também existia uma pequena tela de LCD para o navegador, algo também muito raro até mesmo para as Mercedes da época. Era repleto de porta-objetos  de todos os tipos, a maioria com tampas.  Os 4 assentos tinham tamanhos semelhantes e mais pareciam confortáveis poltronas.


O interior segue atual até hoje, com painel digital e GPS.
Na parte mecânica não havia nada de esportivo.  A versão topo de linha era oferecida com o famoso motor Renault 3.0 V6 de 210 cv que até hoje é usado em vários modelos. Com um peso total de 1,7 toneladas, fazia de 0 a 100 Km/h em razoáveis 8,5 segundos e chegava a uma velocidade máxima de 210 Km/h. As opções de transmissão eram manual de 6 marchas (com uma alavanca grande, nada esportiva) e automática com opção de troca sequencial, com 5 marchas.

                                                    
O Avantime foi fabricado somente de 2000 até 2003. Um dos grandes motivos do fracasso do carro foi o seu design muito diferente e seu alto preço, já que na Europa era possível comprar carros de marcas mais renomadas, como BMW e Mercedes. Outro motivo foi a má situação financeira que vivia a Matra, adiantando o fim da vida do conceito.Durante esse tempo esteve sempre na lista dos carros mais feios do mundo. Eu particularmente acho o carro muito bonito, principalmente na cor azul (usada para o lançamento do carro), uma obra de arte. Uma pena não existir nenhum no Brasil. Seu design acabou inspirando toda a linha Renault Mégane que veio a seguir, principalmente o hatch, que não existiu por aqui e a Minivan Espace, onde se destaca o teto de vidro e interior. Além disso, fez escola também com outras marcas, como por exemplo na Seat, com o Toledo.


Um carro inovador que um dia será compreendido, assim como são muitos carros antigos hoje em dia.

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